segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Conversão do mundo

Como grãos de areia que te escapam por entre os dedos
mingua-se em pó o imponente Coliseu
em cada etéreo, porém eterno recorte de instante
em que minha existência esbarra na tua.

Tudo vai ruindo sem medida

Os gladiadores perecem
O público adormece
O brilho se ofusca
O concreto é engolido pelo invisível
As cortinas se fecham

Sem medida, tudo perde o do e vira tu.

domingo, 23 de novembro de 2008

Um passo a mais

Algo estranho o pé sentiu
O estímulo desafiou o corpo
E a memória, conhecedora da dor, geriu o terror

Do pé fez-se uma tonelada
Do suor, uma enxurrada
Revelou-se o rato

As sensações pulsaram mais fortes
As certezas se depauperaram
As ameaças destruíram os laços

E da carne, ergueu-se a pedra
Que ao passo seguinte abnegou-se
E à alerta rogou-se em sangue corrente

Mas o tempo dita a necessidade do adiante

E ao passo seguinte, Futuro do Presente.

domingo, 2 de novembro de 2008

Ao finado corpo

Por mais que a dor plante o sofrimento
Por mais que os pulsos da vida, a morte os apague
Por mais que a ausência física desvitalize os sonhos

O fim não houve

Pois tua presença de espírito aguça nossos receptores de paz
Pois tua imagem na memória faz nosso peito pulsar mais acelerado
Pois teu amor ceifa a maldade pela raiz

Pois teu fim nada mais é que prosseguimento da tua luz

Amanhã, ao encontro do novo

Amanhã, será um novo dia

E eu vou criar felicidade onde não há
E pôr sorrisos em lábios inexistentes
E mudar o relevo de corações desconhecidos
E abrir estradas em densas matas


Porque nesse novo dia
Eu quero um novo caminho traçar
Subir uma escada com nossos dedos entrelaçados
No caos das tempestades, agarrar-te

E fazer-nos unicidade

Amanhã e sempre e para todo o sempre.