sábado, 18 de setembro de 2010

Resignação premiada

Sob murmúrios revelados nos finos tormentos
de multidões que se batiam, um mar de intentos
a cabeça baixa escancarava a vergonha
de um ser intrépido e sonhador, seu pamonha!

Rico, abastado, atolado em livros, culto
ele cujo tempo dispensara unicamente para ela
ela cujo olhos vidravam irresistivelmente na janela
paisagem cujos sujeitos a desvelaram naquele tumulto

puxaram-lhe o cabelo
arrancaram-lhe em fevereiro
no sol arraigado do mundo inteiro,
até o seio foi pro bueiro

bueiro dos prazeres que lhe foram raptados
pelo varão casto, honesto, dos ideais sagrados

lia-lhe Camões
trazia-lhe milhões
amava-lhe em proporções

sentira a sua quentura por sublimação
quentura que lhe pregou dois chifres de estimação.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

(éli), não xisdê

Tenho ótimos amigos
amigos felizes, iludidos, esquecidos, narigudos, cheios,
amigos compenetrados, pretos, brancos, aguçados, deslumbrados, medrosos, alegóricos, alérgicos,
amigos, amigos, amigos.

faço, recebo ligações pra eles, deles; contatos.
comento da roupa do vizinho direito, do comportamento do vizinho esquerdo
com eles, tomo jesus, como sushi, regurgito excrementos de uma noite feliz
através deles, faço e refaço caminhos alheios além dos meus próprios

Agradeço aos meus amigos por tudo.
Por eles me completarem, encherem o espaço que há em mim para eles.

Onde realmente não cabe mais um, porque você não o é.