sexta-feira, 1 de abril de 2011

domingo, 27 de março de 2011

Ainda não está pronto

Revoada sutil, ociosa,

recanto?

aquela que embalsama a semente
que se erva em sórdido encanto
a exigir soldo indecente

se aresta, se agrega, se encarrega

de varrer do chão virgem sua costela
e esfacela-la com uma só pisadela

a causar-me tumores por desilusão
e segregar-me em hematoma
meus sonhos, minhas esperanças, sublimação!

e com um bafo gélido, em doloroso coma
tremo nesta revoada hostil, danosa,

pranto.



sábado, 18 de setembro de 2010

Resignação premiada

Sob murmúrios revelados nos finos tormentos
de multidões que se batiam, um mar de intentos
a cabeça baixa escancarava a vergonha
de um ser intrépido e sonhador, seu pamonha!

Rico, abastado, atolado em livros, culto
ele cujo tempo dispensara unicamente para ela
ela cujo olhos vidravam irresistivelmente na janela
paisagem cujos sujeitos a desvelaram naquele tumulto

puxaram-lhe o cabelo
arrancaram-lhe em fevereiro
no sol arraigado do mundo inteiro,
até o seio foi pro bueiro

bueiro dos prazeres que lhe foram raptados
pelo varão casto, honesto, dos ideais sagrados

lia-lhe Camões
trazia-lhe milhões
amava-lhe em proporções

sentira a sua quentura por sublimação
quentura que lhe pregou dois chifres de estimação.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

(éli), não xisdê

Tenho ótimos amigos
amigos felizes, iludidos, esquecidos, narigudos, cheios,
amigos compenetrados, pretos, brancos, aguçados, deslumbrados, medrosos, alegóricos, alérgicos,
amigos, amigos, amigos.

faço, recebo ligações pra eles, deles; contatos.
comento da roupa do vizinho direito, do comportamento do vizinho esquerdo
com eles, tomo jesus, como sushi, regurgito excrementos de uma noite feliz
através deles, faço e refaço caminhos alheios além dos meus próprios

Agradeço aos meus amigos por tudo.
Por eles me completarem, encherem o espaço que há em mim para eles.

Onde realmente não cabe mais um, porque você não o é.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Sem palavras

Hoje, renego, abnego, nego.

Digo à carne pura, sua trajetória é infortúnio.
Digo à má sorte, eu sou a metáfora que te extingue.
Digo às horas, algemas destroçadas.
Digo às certezas; meus soluços, bastam eles.

Hoje, respiro rente à imensidão.

Digo à nobreza da existência, sonho é realidade.
Digo às estrelas, paisagem que irriga meus suspiros.
Digo aos grilos, prelúdio das nossas sinfonias.
Digo ao aconchego, me aperta mais forte!

Digo aos nossos ruidos baixinhos sussuros tenros

E emudeço.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Idílio que precede o encanto

Porque quando você chegar

a sinestesia do teu olhar acariciará minha pele
a textura do teu toque retalhará minha racionalidade
a simbiose das tuas expressões sequestrará meus sentidos
teu sorriso despretencioso ressoará no meu riso lacônico e infinito
tua esfuziante presença me reduzirá a um puhado de amor.

Amor sem necessidade, amor com simplicidade, amor de intimidade.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Pra não dizer que não falei das flores interiores

Para digerir o terror, plante um jardim.

Que o brilho de teu sorriso de Girassol
estiole teu Tagetes interior

Com o afeto de uma Centáuria
e a poesia de uma Camélia
teu peito exale Clematides

Que o Dente-de-leão profetize a derrocada
do mais vil Jacinto enclausulado em ti

Com amor, que floresca o Lirio-do-vale.